Ulysses Bertholdo e Marcelo Dalmut são campeões do Rally Sul-Americano de Velocidade
Dupla brasileira superou adversidades, reunindo relatos emocionantes em cada destino da competiçãoApós dois dias intensos da especial no Uruguai, realizada em Punta Del Leste, os gaúchos Ulysses Bertholdo (de Farroupilha) e Marcelo Dalmut (de Severiano de Almeida) conquistaram o título do Campeonato Sul-Americano de Rally de Velocidade, em outubro deste ano. A vitória foi na categoria 4 x 4, a bordo de um Mitsubishi Lancer.
Esta também foi a última etapa da temporada de 2023 e marcou a terceira vitória dos brasileiros em cinco provas realizadas. Eles venceram também na Argentina e Brasil e foram a única dupla brasileira na competição.
Em 2004, Bertholdo e seu navegador, na época Armando Miranda, foram os primeiros brasileiros a serem campeões na categoria 4x4 do Rally Sul-Americano e agora está repetindo com Dalmut, que também é seu navegador já há muitos anos. E antes disso, em 1998, ele conquistou outro título Sul-Americano, porém, era em uma categoria de entrada, na N3, com um Lancer também, mas com tração dianteira. Dessa forma, Ulysses Bertholdo acumula três títulos Sul-Americanos.
“Normalmente, essas etapas do Campeonato Sul-Americano costumam ser sempre a prova mais difícil do campeonato de cada país. Foram disputas muito duras, não só de velocidade pura, então, a grande meta era preservar o carro”, revela Bertholdo.
“Começamos o campeonato no Paraguai. Foi um rally extremamente rápido e com condições desafiadoras durante o percurso. “Caiu uma chuva gigantesca que transformou as estradas em rios. A gente não conseguia nem ver onde era o trajeto. Foi uma prova bem complicada”, explica.
“Em seguida, fomos para a Argentina, cumprir as especiais do WRC (Campeonato Mundial de Rali), conhecido por suas provas icônicas. Foi um rally super difícil, duro. A El Condor Copina, por exemplo, subimos praticamente toda com chuva e serração, mas conseguimos ganhar!”, comemora Bertholdo.
Após a etapa argentina, a competição seguiu para Erechim, o que marcou um retorno às origens do piloto. Nesta edição, o rally adotou uma configuração inédita. A Prefeitura introduziu pedras como uma série de desafios ao percurso. Ulysses, em tom descontraído, brinca ao lembrar, 'estávamos correndo em um verdadeiro mar de pedras. Estava repleto delas, mas este é um local que conheço muito bem, tendo competido aqui por muitos anos e então, vencemos mais uma vez'.
Na Bolívia, a extensão das provas ganhou destaque, com as distâncias entre elas e os deslocamentos entre os trechos. O terreno arenoso desafiou os pilotos que não estavam acostumados a esse tipo de superfície. A presença dos carros da categoria R5, reconhecidos pela potência, prejudicou ainda mais a condição da pista. Apesar de um início bem planejado, problemas mecânicos surgiram, comprometendo a liderança. Um contratempo no sistema de freios exigiu mais esforço para completar a especial. E no sábado, a má sorte encerrou a semana do piloto na disputa: o motor do Lancer, pela primeira vez em sua carreira, “estourou”.
O Sul-Americano seguiu em direção à etapa do Uruguai, onde um rally veloz se realizou em um terreno que agradava muito Bertholdo. “No piso de saibro era como estar correndo em cima de bolinha de gude, de tão liso, tivemos uns probleminhas, mas acabamos vencendo também”, brinca.
Superando todas as expectativas, o ano se revelou excepcional quando a equipe conquistou três das cinco etapas, sendo elas Argentina, Uruguai e Brasil. A estratégia de garantir o melhor desempenho possível em todas as corridas diante dos desafios esperados do rally foi bem-sucedida.
Ulysses ressalta que a participação da equipe no campeonato Sul-Americano foi viabilizada por um projeto de lei federal de incentivo ao esporte. As empresas regionais Tramontina Pro e Cavaletti tiveram um papel importante nessa trajetória, cedendo parte dos impostos de renda para viabilizar a participação da equipe no torneio. A parceria de longa data com a Tramontina Pro e o apoio da Cavaletti, uma empresa local de Erechim, foram um destaque para a realização desse projeto.
Além disso, a parceria de longa data com a Yokohama, fornecedora oficial de pneus desde 1998 e, coincidentemente a escolhida como o pneu oficial do evento, também foi muito importante.
Próximos desafios
Ulysses, que possui uma equipe de rally oferecendo serviços como aluguel de carros, apoio, manutenção e revisão para veículos, agora concentra seus esforços nos próximos desafios. O mês de novembro trará uma etapa conjunta do Brasileiro e Gaúcho em Severiano de Almeida (RS), seguida pela etapa final do Brasileiro em Marcelino Ramos, também no Rio Grande do Sul, no início de dezembro.
Enquanto se preparam para essas competições, uma novidade surgiu durante a etapa do Uruguai: a aprovação de um novo projeto (via Lei de Incentivo ao Esporte) para disputar novamente o Sul-Americano. Agora, os competidores aguardam a publicação no Diário Oficial e torcem para captar recursos até o final do ano. Caso não tenham sucesso, o prazo de dois anos ainda permitirá a participação em 2025, com mais tempo para captação.
Com 21 títulos nacionais e três Sul-Americanos, Ulysses ainda deseja uma vitória no Campeonato Mundial, embora dependa de muito patrocínio. “A gente sabe que dificilmente vai disputar, mas esse sonho a gente sempre mantém. Um projeto mundial é bem mais complexo, os custos são 10 vezes maiores que de um Sul-Americano. Mas quem sabe participar de uma e outra etapa?”
Durante a pandemia, ele participou de uma prova de Mundial na Sardenha, na Itália, substituindo o piloto Paulo Nobre, em uma equipe italiana, uma experiência que, no entanto, não foi muito positiva.
Mais impulso ao rally no Brasil
Bertholdo também ressaltou a marcante presença do presidente da CBA, Giovanni Guerra, nas provas de rally, apoio importante a Haroldo Scipião, presidente da Comissão Nacional de Rally. “Nunca tivemos um presidente da CBA em nossas etapas e o Giovanni esteve em várias delas”, conta Bertholdo.
Juntos, os dirigentes têm trabalhado para impulsionar o Rally de Velocidade no Brasil, enfrentando o desafio de entender por que, apesar do potencial, o esporte não “acelera” no país.
Ulysses compartilha sua crítica ao comparar o cenário brasileiro com o de países vizinhos, citando o Uruguai com um grid três vezes maior e países como Paraguai, Argentina e Bolívia com participações expressivas. Ele destaca a necessidade de um promotor dedicado para impulsionar o campeonato, oferecendo visibilidade consistente ao longo da temporada, algo que, em seus 33 anos no rally, foi raro de se ver.
“Na minha opinião, nosso rally deveria ter um bom promotor para divulgar e um patrocinador, principalmente, para subsidiar alguns custos, por exemplo de pneus, que são muito caros, pois pilotos bons nós temos”, ressalta Bertholdo, como uma das principais barreiras para o avanço do rally de velocidade no Brasil.
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